Capitulo 1 - parte 1 -

Capitulo 1 – parte 1 -

“ Lembre – se de fazer um pedido antes de apagar as velas, Demi “

        Minha mãe estava louca se achava que tinha  possibilidade de eu esquecer da melhor parte. Fechei os olhos para me concentrar melhor e falei “ Eu quero voltar para São Paulo ! “.

        Antes que eu soprasse, a voz da minha prima, que estava ao meu lado, entrou no meio dos meus pensamentos.

       “ Ai sua burra ! Não pode falar o desejo em voz alto, senão não acontece ! “

      Eu já ia responder que o pedido, o bolo, e o Aniversario eram meus e que eu fazia deles oque bem entendesse, mais a minha tia falou antes.

     “ Marina ! Será que nem na hora dos parabéns você para de implicar ? “, ela disse, dando um leve beliscão na minha prima, coisa que eu mesma gostaria de ter feito, embora mais forte. Eu adorava a Marina, mais tinha hora que ela perdia a oportunidade de ficar calada.

     “ A Marina esta certa “, minha mãe entrou no meio. “ O pedido da Demetria não vai se realizar. Mas não porque ela mencionou em voz alta. “ E virando – se para mim, com uma expressão meio triste r cansada, ela acrescentou: “ Meu bem, já discutimos isso uma 50 vezes. Nossa vida agora aqui ... “.

   Subitamente, eu perdi o interesse pelo enorme bolo de brigadeiro que estava na minha frente. Sem me preocupar em apagar as velas, sai pisando duro em direção ao meu quarto. Antes de bater a porta com força, gritei que, se eu não podia voltar para São
Paulo, então eu não queria nada pois coisa nenhuma em BH tinha o poder de me fazer feliz !

  Escutei minha mãe dizer que o fato de ser me aniversario não me impedia de ficar de castigo, mais nem liguei. Eu já me sentia de castigo mesmo, presa naquela cidade.

  Deitei – me na cama e comecei a me lembrar de como o meu aniversario do ano passado havia sido diferente. Eu tinha convidado todas a minhas amigas para nadar na minha casa, meu pai havia feito um churrasco, e o dia não poderia ter sido mais feliz. Como eu gostaria de voltar ao tempo ...

  Ouvi uma batida na porta e apenas mandei que a pessoa fosse embora. Porem, dois segundos depois, eu escutei também um gemido. Levantei – me depressa e abri. O Biscoito entro balançando o rabo, todo contente, mais, infelizmente, atrás dele, veio também a minha prima enxerida. Ela entrou, fechou a porta atrás de si e se sentou na minha cama, sem nem pedir minha permissão. Peguei uma revista e comecei a folhear, pra que ela percebesse que eu não queria conversar.

   “ Demi  ... “, ela começou baixinho. “ sua mãe ficou triste ... ela esta quase chorando lá embaixo. “

   Eu fingi que não ouvi e continuei a passar as paginas.

   “ Agora você já tem 13 anos, não pode continuar agindo como um caramujo que se esconde na concha a cada contrariedade !”

  Isso dez com que fechasse a revista com foça. Ela tinha conseguido me deixar ainda mais brava.

   “ e você e muito adulta pra me dar conselhos, não e ?”, eu disse, me levantando. “ quantos anos você tem mesmo ? treze anos e nove meses, se me lembro bem ?”

“ Demetria , na verdade a idade não importa, mas sim o fato que você deveria apoiar a sua mãe ! você acha que não esta sendo difícil para ela também ? ela acabou de separar do seu pai  ! deve estar sofrendo muito por causa disso ! não precisa também  de uma filha mimada pra tornar as coisas mias complicadas ainda pra ela nesse momento !”

   Agora ela tinha tocado bem no meu ponto fraco. Eu sabia que minha mãe estava sofrendo. Ela fazia de tudo pra esconder, mas eu a escutava chorar trancada no quarto algumas vezes e reparava nos olhos inchados com os quais ela vinha acordando todas as manhas. Eu imaginava que ela devia estar chorando bastante de madrugada. Tudo o que eu mais queria era poder aliviar essa dor dela, mas eu estava tão infeliz também, que nem conseguia fingir, e eu sabia que isso a deixaria ainda mais triste.

    “ mais por que ela tinha que resolver se mudar ? “, eu  me sentei. “ Por que ela tinha que mudar a nossa vida inteira ? por que ela não me deixou lá com meu pai e meu irmão ? “

   Eu não conseguia dizer mais nada, pois sentia lagrimas inundarem meus olhos. Ok, aquilo era constrangedor. Eu odiava chorar. Especialmente na frente de outras pessoas. Eu tinha pânico de que me achassem frágil e sentissem pena de mim. E parecia exatamente aquilo que a minha prima estava sentindo naquele momento.

   Ela me abraçou e ficou passando  a mão pelo meu cabelo. No mesmo instante, o Biscoito pulou no meu colo e começou a me lamber, parecendo muito preocupado com o meu choro. afastei – me da Marina, mais deixei que meu cachorro me consolasse. Só ele sabia oque eu estava sentindo. Assim como eu, ele também foi obrigado a mudar de cidade e deixar tudo para trás.

    No processo de separação dos meus pais, eles dividiram tudo .... inclusive os filhos e os animais de estimação. Eu o Biscoito, a Snow e o Biju viemos com a minha ame para BH. O meu irmão, a Duna, o Chico e o Pavarotti permaneceram com o meu pai, em são Paulo. Esse acordo maluco podia muito bem funcionar pra eles, que quiseram parecer justos um com o outro, mais para mim foi muito pior !

Continua ...